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Instituto Jacob do Bandolim

O Instituto Jacob do Bandolim é fruto da confluência dos sonhos de vários batalhadores da música instrumental brasileira que teve em Jacob Pick Bittencourt um dos seus maiores expoentes. Além de instrumentista e compositor genial tornou-se paralelamente um pesquisador emérito da música brasileira e do choro em particular. Legitimou o gênero através de um permanente trabalho de divulgação do repertório, que coletou com extrema dedicação ao longo de sua breve vida.

 

Jacob era um servidor em tempo integral da nossa música, um operário em seu instrumento, que a todos atendia com prestimosidade, plantando as sementes que hoje brotam graças, em grande parte, ao trabalho que realizou silenciosamente, sem alardes. Inspirados nesse exemplo, nós do Instituto Jacob do Bandolim temos um compromisso com a continuidade e ampliação deste trabalho. Nossos objetivos primeiros são a preservação e criação de dispositivos para disponibilizar ao público todo o acervo de Jacob do Bandolim.

 

São também objetivos do IJB ações continuadas de educação, preservação, divulgação e produção de música instrumental brasileira, notadamente o choro, gênero ao qual Jacob do Bandolim se dedicou por toda a vida.

 

Jacob do Bandolim, Instituto.

 

Hermínio Bello de Carvalho

“Jacob do Bandolim era uma casa de varandas enormes, gramado espesso e muros altos

que mal deixavam desvendar a pessoa que ali habitava.”

 

Hoje, àquele período inicial de um texto antigo, acrescentaria: o Instituto que  homenageia a obra do grande músico será, simbolicamente,  um pouco daquela   Casa Grande  de Jacarepaguá, que freqüentávamos com assiduidade.  Mas nossa proposta não é reproduzir a casa (irreproduzível em sua magia)  e nem  exatamente desvendar Jacob, coisa que nenhum tratado ousaria  psicologicamente traçar. E até porque esse desvendamento ele já o  fez, em parte,  por meio de sua obra.

Jacob tornou-se um bem patrimonial que, feito mangueira frondosa, atirou suas ramas para além dos quintais brasileiros. Fecundou sementes por  esse mundão  afora, e é por lá que se ouvem o Noites Cariocas, o Doce de Coco,  o Vibrações – além de tudo aquilo que seu bandolim apossou  como seu. Porque Jacob era assim: um Pixinguinha ou Anacleto, um Tom Jobim ou Nazareth ganhavam nova identidade por meio da sonoridade e das inflexões que seu mágico bandolim  imprimia àquilo tudo que ele tocava – e tocar tem, aí, um sentido mágico, sublime, divinal.

Como, à sua semelhança e de sua casa, reconstruir esse mundo? Antes de tudo, o Instituto Jacob do Bandolim tem como proposta não ser nostálgico, pelo menos não nesse sentido em que as coisas são tratadas no Brasil: com um olhar esgueirado,  por vezes triste e envelhecido. Como, aliás, não era assim  a casa de Jacarepaguá, quando ela se  abria para os famosos (e também seletivos) Saraus de Jacob. Eles eram ensolaradamente  promovidos pelo  Dono e também Feitor daquela Casa Grande, onde sua música a todos escravizava e nos  tornava dóceis aos seus mandados, encerrados na Senzala em que transformava o salão principal.  Por natureza hospedeiro, nela aprisionou Canhoto da Paraíba, Zé do Carmo, Dona Ceça, Sacristão, Rossini –  norte/nordeste de uma só vez. Que o verbo aprisionar ganhe as conotações amorosas que, nesse caso, comporta: com direito a celas exclusivas, comes e bebes  fartos, carcereiros engalanados e farta munição sonora. Tratamento prisional de primeira.

Desvendar Jacob, que difícil! e que fácil, também. Muitos se aturdiriam com o cachê mais ansiado que, rigoroso, às vezes cobrava:  um  abundante sorvete, de preferência – claro! de coco queimado, milho ou queijo – comprado em doses industriais numa padaria que nem sei se existe ainda, lá mesmo em Jacarepaguá. Doces? De coco, claro! além de ambrosia e papo-de-anjo. Era o pagamento  que o velho Yô-yô  cobrava pelos saraus que o derramado admirador  promovia e onde, claro, erigia um trono para receber Sua Majestade. Um texto recente de Turíbio Santos, alocado aqui no sítio, irá mostrar essa outra face de Jacob do Bandolim. (Haverá uma foto de seu Morris Oxford creme, estofado de vermelho?)

Seu estúdio (chamava-o de escritório) era sua extensão, um espaço onde se exercia como rigoroso e disciplinado pesquisador, a zelar por fotos, partituras, por tudo que dissesse respeito à música que ele amava – e o amava, sem qualquer sombra de dúvida, numa reciprocidade furiosamente lúdica, quase sensual.

Vamos chamar de sítio virtual  essa janela que vai escancarar esse mundo. Clicando na janela  Biografia, vamos entender como se formou a complexa personalidade desse músico, por meio do texto em que Sérgio Cabral retrata,  sinteticamente,  os muitos Jacobs que proliferavam no bojo de seu bandolim – texto que precede sua  biografia oficial, escrita pelo próprio músico.  Ela, entretanto, sempre estará incompleta. Jacob errou, por exemplo, ao vaticinar, com amargura,  que o choro morreria com ele – porque não andava otimista,  na época, com os rumos transgressores com que ameaçavam a estrutura formal daquele gênero.  Não contava, acho que não, que a história do choro, após seu desaparecimento, se tornaria incompleta  sem que dela constasse seu nome ou que ele se vinculasse aos  verbetes principais.  Feito um versículo, Jacob incorporou-se como Matheus, Isaias,  Samuel, Jeremias à Biblia do choro.  Vê-se, pois, que os gênios também erram em seus vaticínios...

Clicando em Discografia, vamos descobrir como trabalhou esse tal de Jacob do Bandolim. Ao partir para outras paragens, registrou sua marca em centenas de fonogramas, grafitou outras centenas de partituras com suas obras – e ainda teve tempo para vasculhar repertórios alheios – neles deixando sua digital inconfundível.

Vamos, agora, clicar em Fotos e  percorrer a vida de Jacob por meio das fotos que ele amava  não só colecionar como também registrar:  as familiares, onde reina, absoluto, com sua mulher Adília e seus filhos Elena e Sérgio.  Mas sua família é,  também, os  seus músicos:  vamos aqui flagrá-lo fazendo um ensaio, ali gravando com  seu Época de Ouro  num estúdio e, mais adiante, ao lado de sua maior descoberta, a Divina Elizeth Cardoso, ou  num prosaico e  simplório churrasco que providenciava nos fundos da casa, quando  o visitante era um Oscar Cáceres – violonista uruguaio a quem consagrava especial admiração.  Clique também na série de caricaturas feitas por Ulisses. Lá está Jacob em situações que, legendadas, contarão um pouco de sua importância.

Mas se você quiser bisbilhotar um pouco mais, é só clicar nos menus – porque invadiremos a casa de Jacob, seu estúdio-escritório, suas anotações pessoais  – além de uma cartinha do Tom aqui,  um bilhete de Almirante acolá, e as cartas bem escritíssimas que endereçava a alguns amigos, e espinafrações que, sem qualquer limite, fazia chegar até  seus músicos. Vamos também conhecer o teor dessas broncas por meio dos depoimentos de alguns de seus músicos –  como Dino 7 Cordas, Benedito Cesar, Carlinhos, Jorginho e tantos outros que conviveram com ele. Deo Rian, por exemplo, tem o que contar sobre ângulos que foram equivocadamente focados por lentes que não registraram esse lado obscuro de um Jacob “turrão”, mas que não tolerava distorções em sua biografia. Contestava um inexistente professorado formal com Luperce Miranda, mas jamais deixou de recomendá-lo como um perfeito Mestre ao bandolinista Deo Rian. Que, mesmo momentaneamente ofuscado pelo brilho do cavaquinho de Waldyr Azevedo, se extasiava com a beleza do Pedacinhos do Céu. Tudo bem: não chegou a gravar aquela música, mas a executava com encantamento. Ou não? Vamos, minimamente, saber dessa história por quem  pode contá-la. Aqui entra Elena, devassando a intimidade do Jacob hospedeiro, fazendo atracar em seu cais a nau pilotada pela trupe do Norte-Nordeste já citada.

Gostava de declarar que tinha preconceitos, sim. Como não era dado a futricas, declarou isso, pessoalmente, à doce Nara Leão, quando por ela inquirido. Música ruim, industrializada – passa fora! E nem era o caso de Nara, pelo amor de Deus. Pessoalmente, asseguro  que em seus planos constava a gravação do Canto Triste (Edu Lobo) e da Viola enluarada (Marcos Valle). Que já sabia das coisas, o seu Chega de Saudade  (Tom e Vinicius) atesta-o com abundância. Sérgio Cabral detalha o porquê. Derrubando muros, iremos vislumbrar um Jacob nostálgico, tocando Chopin em seu  bandolim.

Sirvam-se, pois. O sítio de Jacob está no ar. Ele vai ser renovado periodicamente, como o fazia Jacob com sua música. Ora tocando-a com seus conjuntos (detestava a denominação de regional, que considerava um tanto pejorativa), ora com a Orquestra regida por Radamés – e sempre, sempre ao lado dos melhores músicos de seu país, cuja capital tinha sede em Jacarepaguá – nessa linda e espaçosa casa avarandada que ora abrimos para todos vocês.

 

Hermínio Bello de Carvalho é poeta, produtor musical e foi amigo de Jacob do Bandolim

Site Jacob do Bandolim

 

JACOB PICK BITTENCOURT, nasceu em 14/02/1918, no RJ. Filho único, do capixaba Francisco Gomes Bittencourt e da polonesa Raquel Pick, morava na casa de n° 97, da Rua Joaquim Silva, na Lapa, onde, sem ter muitos amigos e com restrições para ir brincar na rua, costumava ouvir um vizinho francês cego tocar um violino.

 

E esse foi o seu primeiro instrumento. Ganhou-o da mãe aos 12 anos,     mas, por não se adaptar ao arco do instrumento, passou a usar grampos de cabelo para tocar as cordas. Depois de várias cordas arrebentadas, uma amiga da família disse; "..o que esse menino quer é tocar bandolim"...

 

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Site Acervo IJB

 

O   projeto  “Digitalização  do  acervo  do  Instituto  Jacob do Bandolim”, formulado pelo IJB, em parceria com o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, foi selecionado pelo Programa Petrobras de Cultura 2012/2013. Esse projeto permitirá o acesso a um conjunto de documentos e de gravações de áudio, na sua maioria, ainda inéditos para parte do grande público e, em particular, aos pesquisadores. Quando Jacob Pick Bittencourt faleceu, em 1969, a maior parte do seu fantástico acervo, com cerca de 10.000 itens, contendo arquivos sonoros, instrumentos musicais, fotos e manuscritos, foi entregue à guarda do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS/RJ)...

 

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